2016/03/21

O que mais custa, quando se tem um filho

Há mil pessoas a fazerem esta pergunta, pelas netes. Há mil respostas diferentes. Para mim, só há uma resposta! E é essa que eu vou expor neste post. Por isso, ponham os cintos e preparem-se, que isto vai ser nu, cru e não necessariamente bonito. E longo também. Fica o aviso.

Este fim de semana foi do cacete, mais para a T. do que para mim. A minha mulher, nesse aspecto, é uma pessoa maravilhosa e, sem ela, com o feitio do nosso filho, tenho a certeza de que já tinha dado em doido. Assim, damos os dois em doidos e fazemos companhia um ao outro para não custar tanto.

Sábado, dia do Pai, bebé G. chega ao pé de nós pelo fim da manhã (passou a noite com os avós) feliz e bem disposto e começa imediatamente a brincar. E anda para a frente e anda para trás e brinca e está tudo bem, perfeito e maravilhoso. Adormece perto da hora do almoço e acorda 45 minutos depois com uma birra de todo o tamanho que só passa já depois do almoço, às 16h ou coisa assim. Até então, eu e T. almoçámos à vez, carregámos o bebé à vez, brincámos com ele à vez. Tudo mais ou menos normal. Depois não quis dormir à tarde, mesmo estando podre de sono, completamente a cair de maduro. Ao jantar, não comeu como normalmente, não terminou a sopa e não quis do nosso jantar ao contrário do que é habitual e adormeceu, a custo, já depois das 22h.

E agora começa a dança. Eu e a T. estávamos de rastos também e fomos para a cama às 23h, depois de um episódio de série em que íamos adormecendo os dois. À meia noite, o bebé está aos gritos, como se algo o estivesse a corroer por dentro. Mas a dormir. T. vai lá (acho que foi ela primeiro...) e tenta acalmá-lo, com leite morno e colo e a chucha e o ó-ó preferido dele. Debalde. Dez minutos depois tenho que ir lá eu, nova choradeira aflitiva. Mais uma tentativa, água não quer, leite não bebe, ó-ó atira para o chão, ao colo parece uma enguia e Aero-Om não resolve, deita na caminha e fica a ver a reacção, parece que acalmou, volta para a cama e quando estamos mesmo a pegar no sono... Mais gritaria! Depois de irmos lá umas cinco vezes, tenho a brilhante ideia de me recordar das palavras da pediatra: "Quando ele estiver assim, dêm um supositório de Ben-U-Ron, pode estar a doer-lhe qualquer coisa e assim acalma". Dito e feito, lá demos o supositório. Acalmaram vocês? Assim acalmou ele.

Já perto das duas da manhã, duas horas depois de começar, eu vou dormir tento aterrar deito-me no sofá enquanto a T. fica com o bebé na cama. Mais uma hora a ouvir movimentações, mas sem tanto choro. Fui lá duas ou três vezes, a ver se era preciso dar alguma ajuda ou apoio. E lá para as quatro e tal consegui pegar no sono. Até às 7:30, hora a que a criança do demo o bebé acorda, fresca e fofa e bem disposta, a querer brincadeira.

Ontem à noite? Desmaiou de cansaço ao fim de cinco minutos quando costumamos demorar meia hora a adormecê-lo. Às onze e meia começa a dança e até à 00:25 vou lá três vezes. Vou para a cama e aterro. E aparentemente, a T. tem que ir lá 10 vezes. Eu não dei por nada, de tão morto que estava. Mas hoje e uma vez que já dormi um pouco melhor, tenho que compensá-la.

Tudo isto para dizer o quê? O que mais custa, quando se tem um filho, é ele chorar, desalmadamente. E não se saber o motivo. Aquela indefinição se é grave ou não, se vamos ao hospital ou tentamos resolver em casa, se são sonhos ou se realmente lhe dói qualquer coisa. Se vamos para a esquerda ou para a direita. O que mais me custa enquanto pai é a indefinição. O não saber o que fazer, o sentir-me impotente perante o meu filho. É querer ajudá-lo e não poder. O sentir-me pequenino, abaixo de merda, um peixe em terra firme. É isto mesmo...

3 comments:

  1. Como isso é horrível! Quando devemos ser fortes e ajudar e não sabemos nem um pouquinho como.
    Adorei a definição. Real.

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  2. Eu tive uma assim (a 2ª), que depois veio a revelar-se com um excelente feitio. Já ouviste falar em bebés coléricos? É só isso: estão irritados. Existe mesmo uma consulta, em Santa Maria, especializada nisso.
    Custa horrores, mas consola-te com a certeza de que a "culpa" não é vossa.

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  3. Bru Moreli
    É a minha maneira de ver a coisa. Mas se se enquadra na tua também, já me sinto menos "alien"

    Blue
    O meu filho tem um feitio maravilhoso. Alegre, bem disposto, brincalhão, comunicativo, palrador e cantor. Mas à noite é complicadíssimo...

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Eu quero ouvir-te...