Saudade
Prólogo: Saudade é aquela palavra que só em Portugal e em Português é que faz sentido. Porque só quem vive cá e quem nasceu cá consegue realmente compreender o que é este sentimento. É que nem sequer um Brasileiro ou um Angolano conseguirão explicar da mesma forma.
Saudade não é só aquela dor no peito que sentimos quando nos lembramos de algo bom que não temos/vemos/sentimos/comemos há demasiado tempo. É mais que isso. Eu não sei como traduzi-lo em palavras.
Ficção: Hoje tenho saudades de ti. De te abraçar, de gargalhar contigo. Do entrar em loop que tanto te caracteriza, dos teus sussurros no meu ouvido, das tuas palavras porcas e dos teus gritos que não eram de socorro.
Relembro com saudade o momento em que tudo começou, numa praia na Costa da Caparica. Os meus olhos trespassavam o teu bikini, a tua companhia sentiu-se incomodada e veio pedir satisfações. Calmamente tive que explicar que o problema não era meu nem dele, mas sim teu que com a tua beleza paravas a praia. Com o teu bikini às riscas coloridas partias pescoços e corações. Como a explicação só agradou a um de vocês, a discussão que estalou a seguir favoreceu-me. Desculpei-me e ofereci-me para ser nova companhia, ao que respondeste que só o autorizarias depois de te pagar uma cerveja bem gelada.
A cerveja levou a uma troca de números de telefone e da conversa subsequente soube finalmente o que te caracterizava. O humor negro, sarcástico, quase cáustico e meio corrosivo. O teu feitio de malvada. O teu coração mole. Em poucas horas fiquei louco.
Já ao fim do dia, chegado a casa, pensei em mandar-te uma mensagem mas não quis parecer demasiado pressionante. Quando pensava com carinho nos frescos lençóis da minha cama, o telefone vibra e o ecrã ilumina-se. Pensava que ia ter novidades tuas, mas parece que afinal não sou boa companhia, li. Duas horas depois tocava-te à campainha, depois de cinquenta quilómetros feitos a velocidade moderada e agarrado ao telefone.
Foi a última vez que te vi ou que trocámos mensagens.
Eu costumo definir saudade como "o amor que fica".
ReplyDeleteQuanto à ficção, gostei muito. Devias-te dedicar à coisa, podem surgir grandes histórias ;)
Ai saudade-saudade! "O preço que se paga por viver momentos inesquecíveis"
ReplyDeleteTens futuro na ficção!
Gostei muito!
Deixa que te diga que o texto está realmente muito bonito e cativante. É daqueles que prende o leitor!
ReplyDeleteParabéns.
Beijinhos
Aiiii saudades de um amor de verão hihih
ReplyDeleteMuito bom Silent!
5o quilómetros em velocidade moderada e agarrado ao telemóvel???!!! Sorte a tua não teres sido autuado :D
ReplyDeleteAlexandra Gomes
ReplyDeleteGosto dessa definição... Quanto ao dedicar-me à ficção, já é uma coisa que faço. Se calhar vou passar é a ser mais assíduo!
Sou Toda Amor
Outra boa definição... Obrigado
Chic'Ana
As palavras são cordas à volta do cérebro que quando bem ditas formam um nó impossível de desatar! :D
AFA
Amores de Verão. Quem os não teve... :) Obrigado
Quarentona
É Ficção... Mas já fiz mais que isso, nunca tive acidentes e só em auto-estrada. O cruise control deu uma ajuda! :D