2018/10/29

Não largues a cerveja não...

Vicissitudes da vida profissional transportaram-me para uma cidade nos arrebaldes de Munique. Já não é a primeira vez que cá venho e que fico no mesmo hotel, pelo que o senhor da portaria do mesmo já me conhece.

Ontem à noite, restabelecido após uma bela sestinha, saí do hotel para ir jantar. Desloquei-me até ao estacionamento onde deixo o meu "Ferrari" (devido à cor) rent-a-car e... o Ferrari não está lá. É um estacionamento de apenas quatro lugares, não um parque de um centro comercial, pelo que não havia grande hipótese de estar no andar errado ou assim. Assustado, refaço mentalmente o caminho do dia anterior e penso "Foderam-me o carro". Assim, sem mais nem porquê. à bruta. Entro no hotel novamente, chego à portaria e explico a situação. O senhor, impávido e sereno, faz-me duas ou três perguntas e concluí "Então roubaram-lhe o carro". Assim, com a mesma calma como se estivesse a dizer "Então bom dia" ou "Então é a conta, não é?". E eu em grande stress, a deitar fumo pelas orelhas, quase a ter uma apoplexia, mais coisa menos coisa, a querer despachar-me, ainda por cima cheio de fome e a rezar pelo restaurante Grego do costume...

Lá o senhor calmamente telefona para a polícia, fala com eles em alemão, explica a situação, diz onde estamos e recebe como resposta "o senhor que venha cá que neste momento não podemos disponibilizar carros para irem aí" (parece que não é só em Portugal que é assim...), explica-me precisamente isso, calmamente imprime o mapa para eu ir dar com a esquadra de polícia, que ficava a uns meros 300 metros, explica-me que é só dar duas à esquerda e uma à direita e lá vou eu.

Saio do hotel, preparo-me para acender um cigarro e olho em frente... Vejo um carro cor de Ferrari, marca e modelo do meu, do outro lado da rua. Assim como quem não quer a coisa, meto a mão ao bolso e carrego no botão de destrancar e... o carro dá sinal. Era aquele o meu Ferrari. "Foda-se!". Volto para o hotel, explico a situação ao senhor, ele volta a ligar para a polícia e explica que o carro lá apareceu, desliga o telefone e pergunta "Então o que se passou?" com a mesma calma com que perguntaria "Que horas são?". Eu, vermelho que nem um pimentão, a querer abrir um buraco no chão para me esconder, lá digo "Devo ter estacionado ali e não me lembro...".

Hoje de manhã, ao pequeno almoço, lá está o senhor novamente. Assim que me vê, arreganha a tacha e pergunta "Então, o carro, lembra-se onde estacionou?". Finalmente alguma emoção vinda daquele senhor. Mas não a certa. Gozo não foi fixe. Eu enrubesci novamente claro e digo-lhe que fixe, mesmo fixe era fazer aquilo todos os dias para animar o dia... E o senhor dá uma gargalhada e diz que nunca mais se vai esquecer de mim.

É que só a mim, mesmo!

2 comments:

  1. Silent... a água alemã tem muito grau Man, cuidado com isso 😉

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    1. Aqui há o culto da água com gás. Deve ser disso...

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Eu quero ouvir-te...