2018/12/28

Pai Natal e os oito pássaros - Compilação (3/6)

E Belchior continuou:
- Ó moço eu só chego no dia 6 Janeiro, mas para compensar levo mais 2 amigos, que vão levar mais dois presentes. O Jesus continuo a fazer uma birra porque queria a prenda cara.
- Mas eu não quero ouro, quero um Iphone XS 512 Gb ou overbrod. A Idalete sem paciência para tanta falta educação, porque tinha de ir arrumar aquela confusão toda porque estava tudo fora do sitio.
- Jesus, queres juntares o Natal com o teu aniversário, assim só ganhas uma prenda, meu filho.
- Mas o Natal é no meu aniversário!
- O teu tio vem cá dia 6 Janeiro, tras um Chinês ou Indiano e um Africano. Vai para casa que a Maria deve já estar farta de procurar, tens de esperar pelo Natal para ganhares presentes.
Nicolau assistia à cena do Menino enquanto morfava um caril de lentilhas que roubou da cozinha do Cidalino... já tinha feito uns "burpees" e preparava-se para a aula de "jump", que para caber nas chaminés a pança tinha que ter a medida certa.
- Idalete, filha, Anda cá. O Menino tem alguma razão. Está desde o início do ano a pedir um overboard e o Zé só lhe deu um carrinho de rolamentos, feito com umas sobras lá da carpintaria... O cachopo não é assim tão mau que não se lhe possa fazer a vontade.
- Para com isso Nicolau. O Zé e a Maria é que sabem. Passas o ano a dizer que só quem se porta bem recebe presentes e depois é ver-te a distribuir embrulhos por todo o lado. Olha dá-lhe um livro se queres ficar amigo Dele.
Entretanto, batem à porta...
Nicolau apressa-se a abrir a porta mas não vê ninguém! Corre em direção à rua mas não vê ninguém. "Que estranho" Pensou. Mas logo se apercebeu do objeto que ali jazia e percebeu que o Milagre de Natal estava ali à sua frente. No meio da rua, um overboard perdido, e como achado não é roubado, pega nele e corre para casa e começa a traçar um plano: Não iria ser um presente de Natal, não iria desobedecer à Idalina, nem ao Zé, nem à Maria, mas iria arranjar uma maneira de o deixar ao Menino de surpresa e desta forma fazer-lhe a vontade, mas sem que ninguém se chateasse.
E rapidamente descobriu o local ideal.
O menino dormia a sesta, Cidalino estudava a melhor forma de ligar o nitrogénio ao trenó para que a viagem fosse mais rápida este ano e Idalete fora ao cabeleireiro para retocar as raízes que segundo ela "estavam piores do que as cãs de Moisés, valha-me o pai do menino".
Nicolau aproveitou o estranho momento em que todos se ausentaram nos seus afazeres, sacou o overboard da chaminé, onde o escondera na noite passada e saiu pela porta das traseiras, em direcção ao seu esconderijo mais secreto e que mais ninguém no mundo conhecia:
No meio da floresta que circundava a casa, bem no centro, habitava um pinheiro manso de tronco largo e ramos frondosos. Removendo um pouco da neve que lhe cobria as raízes, Nicolau acionou a alavanca que abria o tronco e suspirou quando entrou, antecipando o que os 8 Pássaros iriam reclamar desta vez...
A sociedade secreta, dada pelo nome de 8 Pássaros, estava reunida desde o dia anterior, depois de terem tomado conhecimento dos acontecimentos que punham em risco todo o Natal como o conhecíamos. Rudolfo, que no meio da acção se tinha posto misteriosamente em marcha, já se tinha adiantado ao Pai Natal e tinha trazido todos os problemas ao conselho consultivo dos 8 Pássaros.
Assim que o Pai Natal entrou, já estavam reunidos à sua espera. Presidia à sessão solene o Coelhinho da Páscoa, que com o seu ar grave e circunspecto, anunciou com voz de tributa.
- Santo Nicolau Domingos Dias Santos?
- Sou eu, comandante!
- Queres explicar o que pretendes fazer para conter o caso "menino"?
- Pensei em oferecer-lhe esta geringonça, senhor...
- Oferecer-lhe?! Mas tu já viste se começamos a dar presentes, que não os regulamentados, ao menino? Tu já pensaste no que vai acontecer aos presépios? Tu tens noção do que poderia acontecer ao Natal!?

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