2018/12/26

Pai Natal e os oito pássaros - Compilação (1/6)

Num dia de frio, num daqueles típicos dias de Inverno em que a vontade em ficar na cama é superior à de levantar e a força gravítica parece exercer uma força acrescida, o Pai Natal deu por si a pensar que a época mais stressante do ano estava prestes a chegar. Só de pensar o homem de barbas brancas já dava por si a sentir a azia no estômago, que nada tinha a haver com a salsicha picante da noite anterior."
Até podia não ser da salsicha... mas se calhar tinha abusado um bocado nas migas com entrecosto que a mãe Natal tinha feito. Não havia ele de estar assim cheiinho, a mãe Natal era uma cozinheira de mão cheia (e, na realidade, também era uma excelente dona de casa. Talvez com um pouco de hiperactividade não diagnosticada. Quem é que se lembra de arrumar a casa toda às 6h da manhã, quando os duendes e ele próprio estavam a querer dormir????).
Ai senhores, pensou ele, talvez tenha de tomar as gotas antes de ir ter com o Rudolfo. Mas caramba, será que o Rudolfo não se podia acalmar um bocadinho? ainda faltavam 22 dias para o grande dia e já andava a programar a viagem, a tentar programar a rota no Waze para ter a certeza que não havia atrasos. demasiado cedo, não?
Após consultar todas as apps possíveis e imaginárias, o Pai Natal chama a Mãe Natal e diz "Ó Idalete! Idaleeeeeete!!! Ajuda-me aqui que não tou a conseguir planear a viagem como deve de ser. Este ano os ventos vão andar marados por isso não posso começar pela Suécia, tenho que ir pela Sibéria e não tou a ver como é que eu vou passar pela China sem lixar a viagem toda!
Como é óbvio a Mãe Natal sofre de certeza de transtorno obsessivo compulsivo (sim, limpar a casa as 6 horas da manhã não é para todos) começou a fazer logo uma lista para aclamar ansiedade ao saber que o seu esposo o único afazer é ler cartas e uma vez por ano percorre tudo mundo para entregar os presentes de Natal nem isso estava conseguir executar parece os CTT aqui em Portugal.
Ao conseguir fazer a lista foi falar com os assistente pessoal do Pai Natal para lhe resolver problema com máxima urgência...
Idalete encontrou o assistente do Pai Natal a ler. Está sempre a ler o Cidalino.
- "Olha, tens aqui a "To Do" list para a viagem, há coisas para ires comprar, e têm mesmo que cumprir o itinerário, ou não passam de Paris. E este ano tens mesmo que ir que o Nicolau está estranho e não o quero por aí sozinho".
- "Ai não vou não Idalete. Já sei que nas marmitas só vão torresmos e sandes de mortadela e sabes como é difícil encontrar comida vegetariana. Até o leite e as bolachas que os putos deixam nunca são vegan".
Idalete Natal começou a desesperar.
- "Este gajo está a ficar um bocadinho extremista". Pensou
Entrou em casa e gritou para o fundo do corredor: "Rudolfo! Vamos passear".
E foi assim que a Mãe Natal e o Rudolfo tramaram o Cidalino. Saíram de mansinho, deixaram uma chouriça, uma morcela de cebola e um queijinho da serra bem cheiroso em cima da mesa e dizendo que demorariam 2 horas até ao regresso, voltaram em menos de 10 minutos apanhando o Cidalino a devorar os enchidos e o belo do queijinho. Foi impossível de negar, ele que estava a planear culpar o cão da família... Cidalino estava mesmo com a boca no trombone que é como quem diz, nas chouriças.
- Oh. Meu. Deus. - exclama Idalete exaurida.
- Chamaste fofinha? Que se passa? - questiona o Pai Natal enquanto devora uma lasca de morcela que Cidalino não tivera tempo de engolir.
- Patroa, eu posso explicar, a sério. Não é nada disso que está a pensar.
- Eu nem quero acreditar! Valha-me a Santa...
Cidalino, baixinho e virado apenas para o Pai Natal:
-Será que esla está bem? Parece-me um bocado branca... Ainda vai ter um piripaque à conta das morcelas...
- Ó Idalete. Deixa-te de tretas. Já todos sabíamos que o Cidalino surripiava os queijos do frigorífico e meia volta lambuzava-se com as sobras de tripa farinheira. Esquece lá isse, melher, pronto, deixa lá.
- O quê?! Não é nada disso. É.... Aquilo. - sussurra, branca como a barba do marido, erguendo um indicador trémulo para a árvore de natal.
Idalete Natal olhou em pânico para o marido.

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