Que grande lata!

Não escondo de ninguém que sou benfiquista. Sócio. Já tive lugar cativo dois anos seguidos. E sou dos empedernidos. Dos que procuro uma justificação para os males que não passe por expulsar o treinador se perdermos dois jogos de seguida. Orgulho-me de saber ver futebol e de não ter palas nos olhos. Gosto de ver o Sporting a jogar e espero que ganhe os jogos todos excepto aqueles contra o meu Benfica. Gosto de ver o Porto a jogar e torço por eles (apenas, confesso) nas competições europeias. Aprecio o humor do Pinto da Costa e respeito a pessoa, mas abomino o presidente do clube. Gosto do Bruno de Carvalho porque está a ser uma pedrada no pantanal charco que é o futebol português. Gosto mais do BdC do que do Orelhas Luís Filipe Vieira cidadão, inclusivamente. Mas gosto do trabalho do Presidente Vieira e da sua defesa ao clube.

Posto isto... Vamos ao post em si. O vizinho de baixo é portista. Hoje de manhã ao dirigir-me para o trabalho saí ao mesmo tempo que ele de casa. E desenrolou-se um diálogo.

"Hã, ontem lá ganharam" (O Benfica ganhou 4-2, mas eu não vi o jogo nem sequer ouvi o relato todo.)

"É verdade. Grande Garay. E parece que apesar dos outros moços terem marcado dois golos, o resultado podia e devia ter sido mais desnivelado"

"É. O Nacional parecia o Sporting e o Benfica parecia o Porto. Mandou uma bola ao barrote contra os lagartos e teve mais umas chances... Mas o Proença nesse jogo estava inspirado."

Fiquei sem palavras. Apeteceu-me fazer rewind a 30 segundos e recomeçar do início, para em vez de responder aquela frase dizer: "Epá, desculpa lá... Esqueci-me de fazer xixi e tou à rasca, vou voltar para trás." ou algo do estilo. Não é pela pessoa, por quem não nutro qualquer sentimento positivo mas também não desgosto de todo. É pelo portista que só vê azul, que fica raivoso quando vê outra cor como os touros quando vêem o vermelho. É pelo facciosismo. Por só verem para um lado. Isso deixa-me triste. Porque o futebol está podre e pessoas assim são a maior doença de todas. Podem ser (e às vezes são) excelentes profissionais nas suas áreas e bons pais de família, mas não são adeptos de futebol, nem sequer do clube que supostamente suportam.